Sunday, April 5, 2009

Recessão, Depressão e Preço das Acções


Uma depressão não é apenas uma recessão que dura mais tempo. Ambas as situações correspondem a um período em que ocorre um grande declínio na taxa de crescimento económico mas é muito importante distingui-las para se compreender o que vem aí.

Sem entrar em grandes definições pode-se dizer que uma recessão é uma contracção do PNB trazida pela necessidade de apertar a politica monetária (por exemplo para controlar a inflação), e que termina quando a politica monetária deixa de ser restritiva.
Uma depressão é uma situação bem mais grave e ocorre quando a dívida tem um peso insustentável na economia e a politica monetária deixa de ser efectiva. Geralmente a politica monetária deixa de ser efectiva porque as taxas de juro chegam a zero ou perto disso e os bancos centrais ficam sem armas para estimular a economia. Para se sair da situação o valor da dívida tem de ser depreciado (o que pode trazer deflação) ou o banco central tem de imprimir dinheiro (o que trará inflação) ou então haverá uma combinação das duas terapias.

Nos últimos anos o nível de dívida como percentagem do PNB subiu num grande número de países passando por exemplo os anteriores máximos dos anos 30. Por outro lado as taxas de juro estão agora em níveis já tão baixos que já não podem ser usadas para estimular a economia. Parece pois evidente que se terá de passar por um ajustamento da dívida e que a deflação está a caminho. Aliás é no sentido de eliminar activos acima do valor de realização que o stress-test aos bancos americanos está a ser feito. É evidente que uma elevada quantidade de activos terá de ser vendida e que na altura não haverá compradores em quantidade pelo que os preços de venda serão forçosamente baixos. Quem diz que as acções estão baratas aos níveis actuais e que o momento actual é a ultima oportunidade para comprar é melhor pensar duas vezes. Os activos não terão de ser vendidos apenas pelos bancos mas pelas empresas em geral. Na altura só quem tiver cash é que poderá comprar, por isso não será talvez boa ideia aplicar já uma grande percentagem da carteira na bolsa. Provavelmente melhores oportunidades surgirão e a subida actual será apenas um “rally de tansos” que estão convencidos que passámos por uma recessão que já terminou. A ver vamos….